Um dia eu me perguntei se existe tristeza!
Um dia eu estava lá pra baixo, com a alma caída, a alma pesada, não suportando viver. E ao que tudo indica era uma tristeza. Tristeza crônica, e crônica é quando não tem cura. Se vive com ela, mas não tem cura. Eu estava quase morrendo de tristeza. Quase! Porque subitamente, do alto do tombo que eu levava, eu pude me ver. Olhar para dentro de mim e ao sentir o que eu sentia, me perguntei o porque! Até parece coisa de louco. Mas a verdade é que as vezes nos pegamos dando a mão para tristeza. E essa tristeza é formada, por nossos sentimento de mágoas que criamos sempre em relação a outra pessoa. Nunca nos magoamos com os móveis. A gente chuta os móveis. Mas com o outro sempre há essa coisa de ficar magoado. E ficamos magoado seja por que falou mal de nós ou porque não nos deu atenção ou porque nos traiu e ainda porque não nos pagou o que devia, não reconheceu o que sempre fizemos por ele.E ai vai uma lista de coisas. E essas mágoas vão fortalecendo a mão da tristeza.
Mas porque então não mandar o outro tomar no cu quando nos enche o saco. Porque não botar o cidadão em seu lugar e não levar aquela desavença para nós, para a nossa vida o nosso cotidiano. Porque se importar com o fato do cidadão não se lembrar do nosso aniversário ou cobrar dele mais atenção. Fazemos isso por vaidade, carência, medo de perde o que achamos ser dono. Se for por esses motivos precisamos pensar em abrir mão da vaidade, da carência e da dependência do outro se quiser se livrar da tristeza. Sei que não é fácil se livrar da vaidade, da carência da dependência do outro. Mas é um preço a ser pago pela liberdade. E comecei a pensar sobre esses assuntos. E digo que é um bom exercício de buscar a alma, essa energia que desconhecemos ser donos apesar de todos falarem.
Mas enfim, ai veio outro pensamento. A tristeza de perder a pessoa amada. E essa perda é a dor que nos da a certeza de que temos uma alma. A perda da pessoa amada doe tanto que a gente nem se sente mais gente, não se sente mais nada. E essa pessoa amada, pode ser o amor de sua vida que te deixou por outro, a mãe querida que morreu ou um filho e também um amigo. Todo ser nesse planeta, passou por esse sentimento em algum momento em sua vida. Desde sempre e passará.
A tristeza desse sentimento me tocou. E me perguntei, se havia perdido mesmo. Porque se ela foi com outro, ela nunca foi minha. O meu sentimento é que deu-lhe essa chance de estar ao meu lado. Ela não era minha, apenas o meu sentimento por ela é meu.
Quanto a minha mãe, o meu pai, meus avós. São meus pais e avós, mas também são pessoas que estão em meus caminhos, indo para onde se vai e não temos certeza de nada. É a vida, e assim será comigo. A gente chora, sente. Mas nunca mais o tiras de dentro da gente. E um dia eles também pensaram como nós! Temeram em nós perder e essa dor talvez os fez entender que também nós como filhos, não somos propriedades deles, nascemos deles, mas com a nossa própria vida o nosso caminho e ainda assim envolto em todo sentimento que temos que criamos uns com os outros, não podemos evitar o curso da vida de cada ser, em cada geração, em cada momento e sentimento que vão indo com o passar do tempo.
Eu então decidi que tinha chorado tudo o que tinha chorado, e não tirando todos de meus sentimentos, me entreguei a força da vida. Não me poupei em amar de novo seja uma mulher, um amigo, um novo filho o meu pai que se foi, meus avós, primos e primas, cachorro, gato. Porque se a morte é certa, então é inevitável viver. Não eu não deixei de dar a mão a tristeza, eu apreendi a entender a tristeza e todos os sentimentos que fortalecem a mão da tristeza.
E entendendo a tristeza pude abraçar mais fortemente a felicidade.