A sombra da cantora Lunar.- parte final
E depois outra semana e Lunar novamente foi classificada, e com o seu carisma Lunar ia contagiando o publico, que junto com a sua voz e seu repertório conseguia agradar a júri e publico. Claro que as casas noturnas começaram a procura-la. Lunar tinha shwos de quarta a domingo, agendados até o final do mês o que lhe dava uma grama a mais,e mais visibilidade. Algumas casas noturnas já mostravam cartazes com o nome de Lunar a finalista do programa do Raul Gil. E mesmo assim Lunar consciente daquele momento não se deslumbrava, vinha trabalhar todos os dias tal como sempre fez.
- Mas amiga, você já é uma estrela.
- Ainda não e não querendo menosprezar-me mas tenho que pagar aluguel e família para sustentar.As coisas estão melhores, mas não posso abrir mão desse emprego, ainda. Já fiz isso uma vez e quebrei a cara.
- E você vai aguentar essa jornada de cantar a noite e trabalhar durante o dia!
- Claro que sim! Ave! Sou mulher, tudo posso.
Sorriram.
Lunar mostrou as fotos do show da noite, do programa do Raul Gil, e dos cartazes com nome dela nas casas de show . Logo foram postos nas paginas de relacionamentos sociais da Internet. E ali também Lunar bombava. Era o seu momento.
Bete, que tornara um sombra aqueles dias, ninguém a notava mais em sua ira constante contra Lunar. Até mesmo ela percebeu que o talento e o destino de Lunar estava traçados já. Lunar brilharia, brilharia como a uma estrela.
E então Lunar passou para a final do programa e se fosse classificada além do prémio em dinheiro gravaria um CD e um contrato com a gravadora do programa.
Bete que naquelas semanas havia se tornado a profissional mais distante de Lunar, metida dentro de seu silencio e profissionalismo como nunca visto antes, e que deixou de se meter na vida das demais pessoas, pediu para sair antes do horário. Alegou que tinha uma consulta médica. Todos ficaram surpreso porque Bete sempre priorizou o seu trabalho, aquele seu cargo de encarregada como a uma religião e por varias vezes veio trabalhar com febre alta e cólicas infernais e dores que não dizia. É realmente Bete, não estava bem.
Tomou o seu carro, e foi para o medico. Lá recebeu a noticia que estava bem, que a gravidez já estava entrando no terceiro mês, e como um bomba, Bete, percebeu que a sua vida não era mais a raiva e inveja de Lunar. Tocou a sua barriga e percebeu que um mundo novo estava ali. Chorou, como se um sonho novo em sua vida se instalasse e centenas de possibilidades outras que na Lunar existisse. E pela primeira vez em sua vida amou a vida, amou a sua casa, o seu marido, o seu carro e o seu cargo. Saiu do consultório vendo um sol clarear, uma euforia um deslumbramento que não pode dizer me palavras, apenas em sorriso e lágrimas. Como a vida é bela, justa, e agora era mãe. Podia fazer algo, que nunca imaginou ser capaz.
Entrou em seu carro, abriu o porta luvas e tomou a arma que havia comprado de um feirante amigo para matar Lunar, e em seus pensamentos veio a cena. Mataria Lunar antes de sua ultima apresentação, e ela nunca mais brilharia. Valeria a pena ir para a prisão, desde que a luz de Lunar não brilhasse mais. Valeria a pena apodrecer na prisão desde Lunar não brilhasse mais. Valeria toda essa sombra para o fim do Brilho de Lunar. Bete olhou para o revolver e o jogou num rio próximo. Dispensando de vez de sua vida essa sombra, olhando agora somente para o sol. Escolheu o sol. E passou numa loja de bebes, e comprou roupinhas para ele e para ela. Sentiu-se mãe. Sentiu-se Mulher, sentiu-se viva.
Voltou a trabalhar como se fosse outra tão feliz e solar como Lunar. Todos surpreenderam, mas enquanto Lunar brilhava lá fora para todos, Bete brilhava para si, para a vida própria, tão sua que não trocaria por vida alguma, a própria vida que acabou de descobrir.
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