terça-feira, 29 de novembro de 2011

O mundo nos sangra.


 Levi, Si e Perninha cresceram juntos num mundo sem possibilidade e cercado de  mortes todos os dias.  Dia sim e outro também um corpo sempre era encontrado em alguma rua do bairro.
Uns foram mortos por homens da lei, outro foram mortos por homens fora da lei.  E o medo de  se encontrar com alguns desses homens é que sempre manteve juntos os três amigos.

O Pai de Levi vendia pipoca em portas de teatro, e sempre levava o os três para conhecerem outra realidade, outras possibilidade.
O pai de Si trabalhava num supermercado e sempre trazia comida diferente, gostosa que Si divida com os dois amigos.
Perninha não conhecia o seu pai, mas nem se importava com isso. Tinha uma mãe que vali por dois pais. Ela trabalhava numa fábrica de brinquedos e sempre trazia algum brinquedo novo que comprava a preço de custo e Perninha dividia entre os dois amigos. E assim, vivendo o mundo sem possibilidades, viviam o possível exercendo o como a uma sociedade entre amigos. Exerciam toda a possibilidade de amizade, e companheirismo.

Mas aquele mundo sem possibilidades não queria que a possibilidade de uma amizade  durasse e nem  mesmo existisse e ao descobrir Perninha sem um pai,  os homens fora da lei o recrutou, recrutou não obrigou a servi-los.
- Se não fizer o que mando, acabo com sua família e seus amigos. – disse uma voz escura pesada, ácida, sangrando o que de mais valor tinha em sua vida, a mãe e os dois amigos.
Perninha passou então a vender as coisas fora da lei para os ricos a que vinha comprar. Ficava num lugar fácil de ser visto tanto pelos ricos como pelos homens fora da lei. E também  visível para os homens da lei. Vendia s coisas fora da lei pros ricos e depois dava o dinheiro pro homens fora lei. Aquilo lhe matava todos os dias.  Já não via os seus amigos, e sua mãe chorava noite e dia.
Mas não podia deixar de fazer.
Até que um dia, os homens da lei o levaram. E todos acharam que seria o seu fim.
A sua mãe, correu pra salva-lo. Mas Peninha foi detido num lugar onde outros igual a ele  viviam  e como ele foram obrigados a fazer o que fez.  Para ele agora era o fim, o fim de tudo. Mas como era criança ainda não sabia que o fim é o fim mesmo e com esperança de criança  começou a pensar nos dias que vivia com os seus amigos, como era bom e que logo sairia dali e voltaria para a sua mãe e seus amigos.

Perninha, não voltou, passou preso um ano, dois, três. A sua mãe vinha lhe visitar todos os finais de semana. Mas os seus amigos, não. Os seus pais não deixavam. Perninha sempre perguntava por eles e sua mãe sempre inventava uma desculpa. Perninha acreditava e passou a estudar nessa instituição e apreendeu também como fazer outros crimes, mas não queria.
Um dia foi solto por bom comportamento. Acreditando que valeu a pena tudo o que fez por sua mãe e pelos amigos. E a primeira coisa que fez em liberdade foi procurar os amigos.
E com alegria em que foi procurá-los, Perninha descobriu a tristeza em sua alma.

Si, não pode recebê-lo porque o seu pai não deixou e  Levi havia se mudado dali e ninguém sabia. Perninha triste viu que aqueles homens foras da lei, os homens da lei, e os ricos que compravam as coisas fora da lei, haviam de uma forma cruel acabado com a amizade que sempre  os fez sentir mais vivo.
Voltou pra casa, e chorou no colo de sua mãe.
- A vida sempre sangra a gente mesmo, mas não tem jeito, temos que  curar o sangramento e ir enfrente. Filho eu consegui uma casa em outro bairro que não tem esses problemas que tem aqui. A gente se muda pra lá, você faz novos amigos, a vida continua, se cura o sangramento e o que vai valer é que você foi homem suficiente pra salvar eu e seus amigos, e vai ser homem pra se curar desse sangramento.
Perninha levantou a cabeça e olhou para a mãe e enxugando as lágrimas lhe disse.
- Eu não quero curar esse sangramento, quero me lembrar dele pra sempre. Esse sangramento vai me dar o valor de quanto vale as coisas na vida.
E respirou fundo, ao ver o sorriso de sua mãe. Agora com esperança no horizonte e a força dessa sua dor pra seguir enfrente.

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