Levi, Si e Perninha cresceram juntos num mundo sem possibilidade e
cercado de mortes todos os dias. Dia sim e outro também um corpo sempre era
encontrado em alguma rua do bairro.
Uns foram mortos por homens da lei, outro foram mortos por homens fora
da lei. E o medo de se encontrar com alguns desses homens é que
sempre manteve juntos os três amigos.
O Pai de Levi vendia pipoca em portas de teatro, e sempre levava o os
três para conhecerem outra realidade, outras possibilidade.
O pai de Si trabalhava num supermercado e sempre trazia comida
diferente, gostosa que Si divida com os dois amigos.
Perninha não conhecia o seu pai, mas nem se importava com isso. Tinha
uma mãe que vali por dois pais. Ela trabalhava numa fábrica de brinquedos e
sempre trazia algum brinquedo novo que comprava a preço de custo e Perninha
dividia entre os dois amigos. E assim, vivendo o mundo sem possibilidades,
viviam o possível exercendo o como a uma sociedade entre amigos. Exerciam toda
a possibilidade de amizade, e companheirismo.
Mas aquele mundo sem possibilidades não queria que a possibilidade de
uma amizade durasse e nem mesmo existisse e ao descobrir Perninha sem
um pai, os homens fora da lei o
recrutou, recrutou não obrigou a servi-los.
- Se não fizer o que mando, acabo com sua família e seus amigos. –
disse uma voz escura pesada, ácida, sangrando o que de mais valor tinha em sua
vida, a mãe e os dois amigos.
Perninha passou então a vender as coisas fora da lei para os ricos a
que vinha comprar. Ficava num lugar fácil de ser visto tanto pelos ricos como
pelos homens fora da lei. E também visível para os homens da lei. Vendia s coisas
fora da lei pros ricos e depois dava o dinheiro pro homens fora lei. Aquilo lhe
matava todos os dias. Já não via os seus
amigos, e sua mãe chorava noite e dia.
Mas não podia deixar de fazer.
Até que um dia, os homens da lei o levaram. E todos acharam que seria
o seu fim.
A sua mãe, correu pra salva-lo. Mas Peninha foi detido num lugar onde
outros igual a ele viviam e como ele foram obrigados a fazer o que fez. Para ele agora era o fim, o fim de tudo. Mas
como era criança ainda não sabia que o fim é o fim mesmo e com esperança de
criança começou a pensar nos dias que
vivia com os seus amigos, como era bom e que logo sairia dali e voltaria para a
sua mãe e seus amigos.
Perninha, não voltou, passou preso um ano, dois, três. A sua mãe vinha
lhe visitar todos os finais de semana. Mas os seus amigos, não. Os seus pais não
deixavam. Perninha sempre perguntava por eles e sua mãe sempre inventava uma desculpa.
Perninha acreditava e passou a estudar nessa instituição e apreendeu também
como fazer outros crimes, mas não queria.
Um dia foi solto por bom comportamento. Acreditando que valeu a pena
tudo o que fez por sua mãe e pelos amigos. E a primeira coisa que fez em
liberdade foi procurar os amigos.
E com alegria em que foi procurá-los, Perninha descobriu a tristeza em
sua alma.
Si, não pode recebê-lo porque o seu pai não deixou e Levi havia se mudado dali e ninguém sabia. Perninha
triste viu que aqueles homens foras da lei, os homens da lei, e os ricos que
compravam as coisas fora da lei, haviam de uma forma cruel acabado com a
amizade que sempre os fez sentir mais
vivo.
Voltou pra casa, e chorou no colo de sua mãe.
- A vida sempre sangra a gente mesmo, mas não tem jeito, temos
que curar o sangramento e ir enfrente. Filho
eu consegui uma casa em outro bairro que não tem esses problemas que tem aqui. A
gente se muda pra lá, você faz novos amigos, a vida continua, se cura o
sangramento e o que vai valer é que você foi homem suficiente pra salvar eu e
seus amigos, e vai ser homem pra se curar desse sangramento.
Perninha levantou a cabeça e olhou para a mãe e enxugando as lágrimas
lhe disse.
- Eu não quero curar esse sangramento, quero me lembrar dele pra
sempre. Esse sangramento vai me dar o valor de quanto vale as coisas na vida.
E respirou fundo, ao ver o sorriso de sua mãe. Agora com esperança no
horizonte e a força dessa sua dor pra seguir enfrente.
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