Ana
se perguntou quando um amigo a interrogou o porquê ela não chorou na despedida
de um amigo querido do trabalho. Afinal, todos ficaram emocionados com as
palavras de gratidão, carinho e companheirismo que dirigiu a todos.
“Mas
eu fiquei emocionada sim” – respondeu Ana ao amigo.
“Não
pareceu!” – insistiu o amigo.
“Mas
é preciso chorar lágrimas como todo mundo para mostrar que estamos emocionados,
tristes e felizes?” – disse Ana já irritada com aquela insistência.
“Geralmente
as pessoas choram sim para dizer que estão tristes ou felizes.”
Ana
não disse mais nada, ficou preocupada. Talvez o amigo tivesse razão. Enfia a
festa de despedida do amigo acabou todos foram para a casa. Ana ao se deitar
ainda tinha as palavras do amigo em seus pensamentos lhe perguntando
constantemente o porquê ela não chorava.
Ana
foi buscando sem seus pensamentos e como
a uma conta numa tela digital foi se lembrando das vezes que nunca chorou .
Cenas de filme, cenas de novela, . Nascimento de
primos e filhos de amigos. Casamento... E... Acho que todos tem razão...
Então
Ana se lembrou de sua avó. A sua alma se
iluminou imediatamente.
O carinho e a segurança do colo de sua
avó percorreu as suas emoções, destravou antigas felicidades presas em seus
sentimentos contidos. Felicidade e carinho vivido constantemente ao lado de sua
avó. A mesma avó que a criou desde sempre que se lembra.
A
mesma avó que lhe deu doces e amor, a
mesma avó que sentia ser sua mãe, a mesma avó que amou como mãe e avó . A mesma
avó que adoeceu fatalmente e Ana viu definhar durante anos, e mesmo assim não
deixou de dar amor. E quando um dia o
ciclo da vida se cumpriu a sua avó morreu. Ana sentiu o tamanho da tristeza de
ver a morte de uma avó, de uma mãe de uma amiga.
Ana
não suportou tanta dor. Tinha 16 anos, e pela primeira vez em sua vida no
corpo, nos sentidos. Ana chorou então o
dia todos do velório, do sepultamento e durante dias e meses a perda da avó.
Compreendendo
assim o tamanho de uma tristeza, não se importando mais com tristeza menores do
dia a dia.
Naquela
noite ao se lembrar de sua avó, chorou mais uma vez de saudade alegre das
coisas boas vividas. A partida dela já não tinha mais importância, se vai mesmo
nessa vida. Agora estava bem sabia que não era nenhum ser frio e seco que não
chora as suas emoções. A morte de sua avó
lhe lembrava sempre o tamanho de uma tristeza.
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