Manoel por muitos anos passava a suas tardes ali
sentado no mesmo banco da praça no final da rua, onde podia olhar o rio calma
porem profundo que seguia o seu curso há milhares de anos, assim como todos nos
seguimos o nosso curso no tempo de nossa existência. O rio é muito querido pela
sua cidade. A cidade que soube preservar as suas águas e suas margens ainda com
a mata original e cheia de vida. A cidade não era grande, mas era sabia.
Manoel sabia dessa sabedoria, tinha a sua sabedoria também. E coisa que nunca foi em sua vida foi ser arrogante. Arrogância é igual o medo, sempre nos cega de encontrar coisas maravilhosas. Manoel sentado ali em seu banco olhando as aguas calmas do rio pode ver em suas memorias, um momento para trás, que viveu. E se lembrou de que ao dizer que nunca foi arrogante estava sendo arrogante.
- É melhor dizer que tenta não ser arrogante! –
Disse sorrindo. – A gente é um pouco de tudo nessa vida, não tem jeito!
Manoel se lembrou de que um jovem um dia correndo
com sua motocicleta caiu naquele rio. Ele
vinha correndo desesperado e ao fazer a curva perdeu o controle e foi para um
lado e a motocicleta para dentro do rio. Não sofreu nada, apenas a motocicleta que
foi levada pela águas. Manoel estava
sentado ali, e correu para ajudar o jovem. O jovem desesperado queria se jogar
no rio para pegar a moto. Manoel o segurou e disse que seria melhor irem pegar
uma corda e amarrar nele para que não se afogasse.
- Qual é velho até você achar essa corda a minha
moto se foi. Me larga logo e fica ai no seu banco... – gritou o jovem que empurrou Manoel e depois
mergulhou no rio atrás da moto que já ia pra longe das vistas.
Manoel ficou irritado com a atitude do jovem e sua arrogância
e chama-lo de velho e desocupado. E fez o que o jovem pediu, ficou sentado em
seu banco, torcendo para que o jovem se desse mal. Estava muito revoltado com a
atitude daquele jovem.
Algum tempo depois o jovem voltou todo molhado pela
margem do rio, desanimado e cabisbaixo.
- Conseguiu pegar a moto! – perguntou Manoel
satisfeito.
- Ta vendo ela aqui?
- Não! – disse Manoel satisfeito segurando o seu
sorriso de prazer.
O jovem olhou para ele e não disse nada. E foi
embora em seu desânimos e tristeza.
Manoel ficou contente, afinal e contas a arrogância
daquele jovem o fez perder a moto. E a
noite para comemorar Manoel pediu uma pizza. Não na pizzaria que pedia sempre. Pediu
uma pizza cara, da pizzaria mais cara e famosa da cidade. E quando abriu a
porta para receber a pizza, reconheceu o jovem que perdeu a sua moto no rio
ainda naquela tarde. Manoel viu que ele estava triste e muito chateado. Era um
homem com uma derrota que amargava. Manoel ficou sensibilizado e esqueceu o seu
contentamento de antes.
- E sua motocicleta, conseguiu encontrar. ? –
Perguntou novamente.
- Não. E agora
vou ter que pagar por ela! Aquela motocicleta é dono da pizzaria. Ele havia me
emprestado naquele horário para eu ir ver o meu filho que acabou de nascer. Eu estava tão feliz, que queria ver logo o meu
filho e me descuidei. Acho que fui
rude com o senhor. O senhor me desculpe, mas eu estava desesperado. Boa noite!
Disse o jovem e se foi. Nem quis a gorjeta. Manoel
ficou ali na porta olhando o jovem ir em sua tristeza e na amargura que seria
para ser o dia mais alegre de sua vida. Um jovem entregador de pizza não deve
ganhar muito. E agora com um filho.
Manoel naquela noite não comeu a pizza e ficou
acordado digerindo a sua arrogância em não ter compreendido a situação do
acidente do jovem e sua motocicleta. A
gente não pode se deixar levar pela ação do momento, todo momento é a soma de
tantos outros momentos. Às vezes ruins e bons.
Manoel não tinha dinheiro para comprar uma motocicleta
daquela para o jovem, mas ligou para alguns amigos que tinham barco e no dia
seguinte numa aventura saíram procurando a motocicleta pelo rio. Levaram três grandes
dias longos até encontrar a motocicleta e tira-la das profundezas do rio. Usaram
de um pequeno radar e cabo de aço para tirar a motocicleta. A levaram para uma
oficina lavou-se a moto e ajustou tudo o que precisava ser ajustado. Esse
concerto Manoel pode pagar. E depois entregou na pizzaria sem se identificar. Deixou
apenas um bilhete para o jovem.
“Obrigado por me ensinar a não ser tão arrogante. E
felicidades com seu filho”.
O jovem soube de que se tratava. E na mesma noite,
entregou uma pizza grátis para Manoel com a foto de seu filho e um bilhete.
“Obrigado por me ensinar a não se tão arrogante.”
E ao se lembrar desse momento em seu passado, olhou
para o rio e viu o quanto de caudaloso, profundo e suave podemos ser no curso
de nossas vidas.
Olá, se você gostou dessa história e quiser contribuir com qualquer quantia eu agradeço. E se não quiser contribuir, tudo bem, espero que tenha gostado. Obrigado.
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Ulisses j. F. Sebrian
Uma história linda e bem contada...Ninguém é superior a ninguém e a arrogância conquista uma atitude igual... Como seria diferente esta história se, cada um deixasse de lado, o seu orgulho?...Mas é também com erros que aprendemos e tiramos verdadeiras lições para a nossa vida. Bj
ResponderExcluirGraça
Sem duvida, temos muito que apreender. Obrigado Graça pelo comentário. Uma excelente semana para você.
ExcluirNão somos diferentes ou maiores que os outros. Estamos no mesmo barco Vida e cada um tem seu caminho e jeito de ser.
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