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domingo, 4 de março de 2012

A minha vida daria um livro?

Quem já não disse ou ouviu essa frase! A minha vida daria um livro! Porque não aceitamos as dores, e perdas que acorrem na vida?

Vez por outra  me encontro com pessoas que aparentemente parecem bem, mas meio dedo de conversa depois e já  estão se revelando como as  únicas vitimas das algozes do mundo. Estão sofrendo como todo mundo sofre. Mas com o tom dramático de quem se apropriou do sofrimento e por isso essas pessoas se acham os único representante do sofrimento na vida.
E então soltam a famosa frase

“A minha vida daria um livro, tanto que apanhei nessa vida”

E fica impossível dizer para essa pessoa que a vida de toda pessoa que passou e venha passar nessa vida dá um livro. Porque todos "apanharam nessa vida".

Pode ser uma comédia, um romance, um drama, um filme de terror. Mas a vida de ninguém está livre da densidade, forma, cores e sabores que a vida no oferece. Sentimentos que descobrimos e outros que ocultamos. 

Perdas são inevitáveis. Perder um amor, um ente querido, uma oportunidade. Sim é difícil encarar e aceitar. Mas não há alternativa. E quando se encara e se  compreende, tudo parece mais leve. E o tempo, o tempo alivia não tenha duvida. E nos esclarece também porque passamos o que tinha que passar nessa. O que tínhamos que sofrer. Afinal somos imortais filhos amados de Deus, e tudo passa, o tempo passa a dor passa. 

O sofrimento é relativo a cada um: Uma pessoa fútil sofre por coisas fúteis. Um faminto sofre pela fome. Um solitário não sofre menos que uma pessoa insegura sofrendo as pancadas do "amado" ao seu lado, e por ser insegura não consegue se livrar desse "amado".

E opondo-se a tudo isso, temos a felicidade.  Que é possível a todos, mesmo em todo sofrimento.

Por anos eu sofri com morte de meu pai. Sofri com  a sua ausência quando eu mais precisava dele.
E um dia eu pensei o quanto  para ele também a morte foi difícil, porque ele estava sem nós os seus filhos também. Não estava ali vendo os filhos crescendo.
E de dentro de mim veio essa compreensão. 

“ se a dor é a mesma para ele e para mim, porque a felicidade não pode ser a mesma para ele e para mim, esteja ele onde estiver.” 

Eu sei que parece desespero, mas compreender que há outro lado da dor também me fez compreender que uma  vida mais alegre é possível. E se a vida é um jogo, uma encenação ou um livro eu então optei por escrever com mais humor, leveza, compreensão e cores. Abri mão do drama excessivo.

Não quero com isso dizer que estou certo, apenas quero dizer que o meu livro da vida  eu estou escrevendo sem fazer do drama o assunto principal. Acho que fiquei melhor! A vida para mim agora tem mais cores, sabores.


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