domingo, 28 de setembro de 2014

Os sonhos, não são sonhos. São desejos guardados. São desejos que protegemos do mundo.


Do romance "O diário do amor e da felicidade", disponível aqui. http://migre.me/lXfxJ
Cap.1 – No elevador...

Os sonhos, não são sonhos. São desejos guardados. São desejos que protegemos do mundo.


       Elisa, não encontrou razão alguma para sorrir naquela manhã. Olhou para o infectologista, e apenas suspirou. Não poderia desaprovar toda e qualquer esperança que encontrara até aquele momento de sua vida ou viesse encontrar.  Esperança era o oxigênio que a alimentava dia a dia.

 - O tratamento está se mostrando eficiente em diminuir a carga viral. - disse o médico.

- Já não sinto sintoma algum!

- Ótimo! Sua resistência já está há de um adulto. Quando chegou aqui na primeira consulta, tinha a resistência de um bebe.

- Uma sobrevida de qualidade? – bufou ela.

- Há muitas pessoas convivendo muitos e muitos anos com o HIV.

- Bem... Temos que ter esperanças. Acreditar na vida, no dia a dia. – para Elisa era preciso acreditar em todas as possibilidades.

-E quanto ao seu marido. Ele sabe que está contaminado?

-Foi dele que herdei esse vírus. Já te disse Dr. Somente dele.

- Sim claro.  E por favor, me desculpa!  Essa rotina de médico, muitos pacientes a gente sempre se esquece de alguma conversa. E ele como está?

Elisa mostrou um ar de indiferença.

-Saiu de casa, me deixou com os filhos e nossas doenças... Graças as Deus os meus filhos não foram contaminados.

-Senhora Elisa, a doença em si não se manifestou o que é muito bom!

-Não precisa dizer mais nada doutor. Não tenho paciência, para falsas esperanças. A minha vida acabou de certa maneira. Fui traída, fui contaminada e abandonada. Estou só nesse mundo e com os filhos para criar. É o que me resta nessa vida. – era preciso desabafar. Às vezes Elisa não suportava o peso de estar contaminada.

O infectologista, sabendo que o tratamento com a medicação retroviral potencializava a sensação de impotente em alguns paciente e depressão em outros.

- Dona Elisa não é assim tão dramático, nem sem esperanças. A AIDS requer cuidados especiais, mas não é o fim de todas as coisas e sentimentos em sua vida. A senhora pode ter uma vida afetiva se quiser, tomando os cuidados.

- Ah! Doutor o senhor é médico e está em seu papel. E além do mais mesmo que eu queira arrumar um companheiro futuro, assim que souber que estou contaminada, me abandonará.

-Não é bem assim...

-Não é bem assim se eu estivesse morta. Talvez lá no céu. Aqui é assim. O mundo é assim, as pessoas são assim. Não as culpo, eu também teria medo.  Mas foda-se. Agora tenho que encontrar um emprego para terminar de criar os meus filhos. Quero dar educação a eles. – Elisa respirou fundo, e meteu um sorriso no rosto. – É a única coisa que me faz sentir viva. Os meus filhos... E por eles é que vou lutar. Por meus filhos...

O infectologista sorriu ter um objetivo uma causa dava mais força em viver e a incentivou quanto a isso. Depois lhe deu a receita para retirar medicamento no posto de saúde. Ofereceu um café, água e lhe explicou mais sobre outros sintomas que a medicação poderia lhe causar e se despediriam desfazendo-se no tempo aquele momento.

Elisa ira vê-lo no próximo mês como se tornou rotina nos últimos dois anos de sua vida. No começo tudo foi pesado demais, deu-lhe medo terrível de morrer e deixar os filhos. Mas também morrer e perder a vida a sua vida. Nunca mais viu Mauro o seu ex-marido. Ele a abandou covardemente junto com a doença.  Eram tantas pedras em seu caminho que agora com a doença mais estável podia olhar para trás e ver que tirou uma a uma. Lutou mesmo que na solidão no desprezo e afastamento de muitos parente e amigos ao saberem de sua doença.

“Apreendi o que é preconceito, tive os meus também e como é horrível para quem sofre” – pensou. Mas a vida estava ali, a sua frente a todo instante. Respirou fundo deixou o consultório e tomou o elevador.

Ao tomar o elevador Elisa sentiu vontade de chorar, mas lágrimas não iriam resolver os seus problemas, nunca resolveram.  Ganhou uma tragédia em sua vida, sem ter buscado por ela, apenas confiou no marido. Mas fazer o que?   Então ouviu uma voz.

- Em que andar vai?

Elisa olhou para o lado e viu um homem acuado ao canto, com um sorriso inesperado e que lhe causou um sorriso também.

-Ah, me desculpa, eu estava divagando com os meus pensamentos e nem percebi que tenho que apertar o botão.

- Isso já me aconteceu. – disse o homem cordialmente.

Elisa sorriu e apertou o botão do térreo.

Depois o silêncio ao lado de um estranho e a sós dentro daquele elevador. E conforme os andares iam passando o silêncio aumentava.

Até que no sétimo andar indo para o sexto o elevador deu um tranco e depois parou... As luzes piscaram... Acenderam e apagaram e ascenderam novamente.

Um olhou para o outro.

- O meu Deus? – disse Elisa.

- Calma!  - disse o homem com segurança.

- Calma! O elevador parou!

- Tem um telefone de emergência. – disse o Homem e tomou o telefone. - Falou com a portaria e depois olhou para Elisa.  – O porteiro foi avisado e foi buscar o técnico de segurança.

-Eu tenho que pegar os meus filhos na escola. Isso não podia ter acontecido.

-Vai ser rápido. Não se preocupe.

-Desculpa a minha aflição.

-Tudo bem. Há dias em nossas vidas que não dá para controlar mesmo.

- É verdade.

Um silêncio contínuo e perceberam que seus olhares cruzavam vez por outra.

-Acabei de me demitir. – disse Ele, quebrando o silêncio.

Elisa se surpreendeu.

-Puxa! Que chato.

-Pode ser, mas eu estava com saco cheio já mesmo. E na vida às vezes é bom chutar tudo para o alto.

Ela sorriu

-Eu to com vontade de fazer isso faz tempo.

-Apertar o botão?

-Qual botão? – Elisa olhou para o painel a sua frente.

-O botão do Foda-se tudo. 

Elisa sorriu...

-Desculpa o palavrão, mas não encontrei outra palavra...

-É isso mesmo. Tenho vontade de apertar esse botão...

-Prazer meu nome é Elias.

-Elisa.

Os seus olhos se apresentaram.
Do romance "O diário do amor e da felicidade", disponível aqui. http://migre.me/lXfxJ

domingo, 31 de agosto de 2014

A menina na janela.

Mãe e filha sempre se entendem?

A menina na janela.

Beatriz subitamente naquela tarde se cansou do Whatsapp, do Twitter e do Face Book . Respirou fundo dos seus quinze anos, jogou o celular no sofá foi até a geladeira e correu os olhos tentando escolher algo tentador para saciar aquela súbita vontade de não fazer nada. Respirou fundo, olhou pela casa, ligou e desligou a tv e sensação de não fazer nada insistia, persistia, resistia.

- Que saco! – bufou entediada como todos nessa idade.
E se aproximou da janela de seu quarto, se encostou com descontração e preguiça no parapeito da janela, cruzou os braços e se apoiou neles vendo do alto do sexto andar, o horizonte da cidade.
- Nossa como essa cidade é grande! – disse como se nunca estivesse visto a cidade.
Alias não se lembrava de ter visto a cidade, mas se lembrou que um dia quando morava numa casa e não em um apartamento, se pois na janela, como agora, e ficou olhando o tempo, as pessoas e os acontecimentos. Ainda tinha seis ou sete anos, não se lembra, mas foi bom demais se reencontrar com a sua infância naquele momento. Beatriz sorriu.
- To ficando tonta mesmo! – disse se esticando nesse momento.  Um momento prazeroso de um reencontro com a um momento de sua vida, a sua vida e de mais ninguém.
E nesse momento de encontros com sua própria existência, lhe veio no pensamento às velhas perguntadas que se fez debruçada na janela da casa onde morou.
Beatriz aos seis ou sete anos, não sabia muito da vida. Por isso perguntava muito. Viu um homem passar, e se perguntou para onde ele ia depois que passava pela frente de sua casa? Talvez ele vá para a casa dele, igual a sua com uma janela e talvez uma filha que fica olhando pela janela e perguntando para onde vão as pessoas que passam por ali.  Então Beatriz concluiu que tudo passava, mas precisava confirmar com sua mãe.  E da janela gritou para sua mãe.
- Mãe tudo passa!
Sua mãe que estava no sofá olhando as descobertas da filha, sorriu.
- Tudo passa Beatriz.
- E depois que passa para onde vai?
A sua mãe se surpreendeu.
- Para onde tem que ir.
- O trem passa e vai para a estação, o homem passa e vai para a casa dele, o carro passa e vai para a garagem...
- É assim mesmo!
Beatriz então ficou contente com a sua descoberta, e ficou o resto da tarde olhando tudo passar. Foi um momento só seu e grande que lhe marcou e Beatriz pode trazer e se lembrar desse momento, agora as quinze anos.
E do encosto de sua janela, observou que tudo passa e passa mesmo. E depois que passa não se sabe ao certo para onde vai. Só se sabe que a gente passa, mas momentos como aquele nunca passa, fica para sempre é só se lembrar e deixar passar.


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domingo, 27 de julho de 2014

Um trecho do romance "Que reze a vida" .


Cap. 5

        Descer também não era fácil, mas era a melhor opção. Saíram em direção oposta do veículo. Atílio tomou Rogério ao ombro novamente e com o peso da mochila e das armas quase não suportou. Cuidadosamente foi colocando pé até pé em local solido e quando possível segurando-se na vegetação. E essa vegetação era um apoio. Toda a serra da Bodoquena é remanescente da mata atlântica, portanto uma mata densa, forrada de arbustos e folhagens entre árvores grandes e outras tentando crescer, o que facilitava Atílio carregar Rogério, vez por outra se apoiando nos troncos de algumas árvores.

A menina ia atrás com a lanterna tão calada que Atílio com dificuldade se virava para ver se ela o seguia. Era claro que todos queriam sobreviver ao acidente.

E com toda a dificuldade iam conseguindo chegar ao solo da floresta.

Rogério então acordou e se viu nos ombros daquele sequestrador maldito. Viu que estava sem as armas e tentou entender porque aquele sequestrador o carregava e já que estava sendo apoiado por ele aproveitou e apoiando-se firme com a perna esquerda, puxou o pescoço de Atílio e lhe deu uma gravata.

- O que esta fazendo. Pare com isso. – disse sufocando Atílio pego de surpresa.  E para tirar o braço forte de Rogério de seu pescoço soltou a mão das árvores. Rogério perdeu o equilíbrio e ao cair puxou Atílio consigo e ambos rolaram entre a vegetação e ajuntados pela força da queda.

Caíram sobre pedras desconfortáveis, acertando um e outro com dores nas costas e na cabeça. E mesmo assim Rogério insistia em segurar o pescoço de Atílio, o colete aprova de balas ajudou a amortecer a queda de Rogério e exerceu sobre Atílio mais peso.

- Você quer acabar comigo? Quer! Mas não vai... – gritou Rogério.

Atílio então para se salvar apertou a fratura de Rogério causando-lhe imensa dor e este o soltou. Atílio poi-se em pé, ajeitou a sua mochila e as armar, enquanto Rogério gritava de dor.

A menina apareceu logo em seguida correndo com a lanterna acessa, e minutos depois a alguns metros dali onde estavam caídos o veículo despencou ladeira abaixo indo e indo, removendo matas e por fim desapareceu causando um silêncio a todos.

- Você quer um analgésico? – perguntou Atílio a Rogério ainda deitado sobre as pedras.

Rogério que entendeu que Atílio havia salvado a todos aceitou.

- Tá doendo muito. – disse.
 
Disponível no site Clubedosautores.com.br  ou  clique aqui http://migre.me/kFms3

domingo, 27 de abril de 2014

Naquela tarde no shopping...


Naquela tarde no shopping...

Ele estava distraído olhando o nada, pensava no carro para arrumar, no cheque para ser descontado, numa coisa qualquer. Era a sua folga, e estava ali apenas para dar uma volta um descanso nas coisas do dia a dia. 

Ela estava apresada para voltar do almoço, foi comprar um presente para o aniversário da amiga.  E teria que comer alguma coisa. Não tinha tempo para mais nada em sua vida.  E foi pelo shopping atrás de uma comida rápida e barata.

Ele que olhava para o nada, viu a sua presa.

Ela nem o viu.

Ele viu as suas pernas, depois os seus braços suavemente deslizando mesmo com algumas compras em mãos.

Ela olhou para o seu relógio e demonstrou preocupação com a hora que ia passando.

Ele viu que mesmo quando o seu rosto parecia aflito mantinha-se suave e lindo.  Sentiu vontade de ouvir a sua voz. Como seria a sua voz?

Ela se aproximou de uma comida rápida, e pediu um MIX. Hambúrguer, bacons, tomate, ovo, e contra filé na manteiga com pão francês e um guaraná Antártica para beber.

Ele gostou do que viu, ela parecia não temer nada nem mesmo uma alimentação daquelas. E ao se sentar esperando o seu lanche, ele a viu elegante e feminina, como nunca havia reparado em mulher alguma.

Ela, cuidadosamente pegou o sanduíche e deu uma leve mordida.

Ele sorriu.

Ela tomou o guaraná e enxugou o canto da boca com o guardanapo.

Centena de mulheres já havia feito o mesmo, mas nunca alguém que havia o encantado como ela.

Ela olhou para o seu relógio novamente, não daria para terminar de comer. Levantou-se.

Ele ficou triste.

Ela então olhou para ele.

Ele mostrou em seus olhos

O que ela entendeu logo ser seu também.

Amor à primeira vista.

Ela sorriu

Ele se aproximou.

Oi meu nome é Claudio.

Oi o meu é Beatriz.




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sábado, 19 de abril de 2014

As vezes enxergamos um rato onde há um elefante e um elefante onde há um rato.


Ou seja enxergamos um probleminha onde há um problemão e um problemão onde há um probleminha.
No curso de nossa existência, ou essa nossa  vida encontrar-se em momentos de dificuldade é algo constante e natural pois não há como existirmos sem  algum conflito pessoal e social. Porque simplesmente vivemos em grupos, numa sociedade e não isolado em uma ilha. Precisamos sempre do outro, amamos sempre o outro, odiamos sempre o outro, brigamos sempre com o outro. O outro é parte nossa assim como somos parte do outro. Não há como existir de forma diferente. Tudo bem! Algumas pessoas se sentem desconfortável em relação ao outro, tentam se isolar em mundos íntimos, sem conversa e sem dialogo constante com os demais. Mas dificilmente  fica o tempo todo só.
Algum momento do seu dia precisara encontrar o outro ao menos para as suas necessidades básicas.  Comer, vestir, dirigir, ir ao médico, ir ao cinema, ter relação sexual, e mesmo que tenha essa relação intima consigo mesmo, estará pensando no outro. Portanto parte de nossos problemas será sempre o outro, assim como somos parte do problema do outro.  Exemplos simples como ;  Deixar uma meia na sala; Não abaixar a tampa da privada; Jogar lixo na rua; Passar em sinal fechado ou comprar drogas que alimenta o crime organizado; E  votar em políticos corruptos ou não si importar com o flagelo do demais.



E há também os nossos eu, como ser humano como existência. Estamos sempre querendo o melhor, o mais para nós ou às vezes um mínimo. Um mínimo de atenção, de amor, de carinho. Ou um salário mais digno, condições de trabalho , transporte e educação melhores . E tudo isso é natural. Somos assim e não vai mudar.  

E juntando o eu como o outro, estamos sempre querendo e querendo. E ai vem os nossos problemas.

Onde às vezes enxergamos um rato onde há um elefante, e um elefante onde há um rato.

Ou seja, fazemos de um probleminha um "problemão" e de um "problemão" um probleminha.

Queremos fugir às vezes de situações terríveis e dolorosas e vamos empurrando com a barriga, ignorando e se defendendo achando que não passa de um ratinho, de um probleminha. Por  medo, dor, e alguns casos preguiça e em outros casos, ignorância e falta de conhecimento de como resolver.  E esse ratinho, esse probleminha que enxergamos na verdade é um elefante que poderá nos esmagar.  E uma hora ou outra ele vai esmagar mesmo, é a sua natureza.

 E o contrário também é verdadeiro. Quando enxergamos um elefante quando há um rato apenas. Mas ai o perigo é maior, porque ao enxergarmos um elefante onde há um rato, e persistirmos nisso por anos, estaremos alimentando esse ratinho que poderá sim se transforma num imenso elefante, ou em alguns casos que já presenciei uma manada de elefante. E ai não sobreviverá ao seu ataque, e se sobrevivermos sairemos tão machucados e destroçados que o tempo talvez nos cure.

Em todos os casos, é preciso ser honesto consigno mesmo e ter um pouco de autoconhecimento. Conhecer os seus sentimentos e limites assim como o do outro. E encarar um elefante quando for um elefante e um rato quando for um rato.


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Amar.

  Amar.   - Meus parabéns. – Ele disse num sorriso sincero, segurando milhões de tonelada de um sentimento que lhe pertencia. - Ah, ob...

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